Influências e Tradições que Moldaram a Umbhanda como Religião

Para compreender a cultura espiritual da Umbhanda, é crucial explorar suas influências religiosas e espiritualistas que moldaram sua identidade única. Cada elemento contribuiu para a formação dessa religião brasileira, destacando-se as influências do Catimbó, do Culto da Jurema, da religião católica, da bruxaria europeia e do Espiritismo Kardecista.

Pajelança e Cultura Indígena: Nas raízes da Umbhanda, encontramos práticas derivadas da Pajelança, antiga manifestação espiritual indígena. O Catimbó e o Culto da Jurema surgiram da miscigenação durante a colonização, representando uma religiosidade simples distante das imposições católicas.

Influência da Religião Católica: A religião católica, embora praticada de forma deturpada, introduziu crenças fundamentais, como a devoção a Jesus, à Mãe Maria Santíssima e aos Santos. A miscigenação resultou em uma interpretação singular da religião católica, moldando as práticas espirituais do povo brasileiro.

Bruxaria Europeia e a Contribuição Cigana: A bruxaria europeia, ensinada pelos ciganos que acompanharam os portugueses, trouxe conhecimentos mágicos para o Brasil. Os ciganos, especialistas em artes mágicas, compartilharam suas práticas, contribuindo em conjunto com a Jurema sagrada e o Catimbó.

Elemento Negro e Suas Contribuições: A presença do Preto Velho é marcante na Umbhanda. A introdução do elemento negro ocorreu com a presença do Preto Velho Pai Antônio, incorporado em Zélio Fernandino de Morais. Povos de origem Bantu exerceram grande influência nos estágios iniciais da Umbhanda, refletida em vestes, rituais e toques de atabaques.

Espiritismo Kardecista e Mediunidade: O Espiritismo Kardecista influenciou a Umbhanda na compreensão dos fenômenos mediúnicos. A codificação de Kardec esclareceu a mecânica da mediunidade, proporcionando uma base organizacional e doutrinária.

Ao considerar essas influências, percebemos que a Umbhanda não é uma entidade estática, mas uma síntese dinâmica de diversas correntes espirituais. Sua formação ao longo do tempo reflete a criatividade do povo brasileiro, que, ao abraçar diversas tradições, deu origem a uma religião única e profundamente conectada às suas raízes. A Umbhanda se revela como uma expressão viva da espiritualidade brasileira, enraizada em uma rica diversidade de práticas e crenças.

Ao transcender os primórdios, a Umbhanda se consolidou como um farol para os praticantes de mediunidade, oferecendo uma referência valiosa mesmo para aqueles sem esclarecimento específico. Além das influências anteriores, novos elementos, como a crença na reencarnação e na evolução contínua do ser humano, foram integrados ao rico mosaico ritualístico umbhandista, reforçando a redenção por meio de regras morais e sociais rígidas.

No âmago da Umbhanda, em sua vertente astral, uma miríade de Espíritos atua, provenientes não apenas das religiões ativas no plano material, mas também daquelas que cumpriram suas missões na terra. A riqueza espiritual transcende fronteiras religiosas, abrigando representantes de diversas tradições, como padres, rabinos, hindus, babalawôs africanos, magos caldeus, sacerdotes gregos, romanos, egípcios, druidas, Pajés indígenas e outros.

A Umbhanda, mesmo em sua manifestação astral, continua a receber influências religiosas até os dias atuais. Neste contexto, é crucial examinar essas influências na formação da Umbhanda, a partir de 1908, considerando o cenário espiritual anterior. Destacaremos as influências positivas incorporadas na Doutrina umbhandista e, infelizmente, as negativas que persistem na religiosidade, muitas vezes devido à falta de compreensão espiritual por parte de alguns praticantes.

Incorporação Holística de Espíritos: A diversidade espiritual proveniente de várias tradições enriqueceu a Umbhanda, proporcionando uma visão inclusiva da espiritualidade.

Crença na Evolução: A aceitação da evolução contínua do ser humano, embasada em regras morais e sociais, contribui para uma abordagem progressista e ética na Umbhanda.

Crença na Reencarnação: A compreensão da reencarnação como parte do ciclo espiritual reforça a busca pela melhoria constante e pela redenção.

Desafios e Influências Negativas

Falta de Compreensão Espiritual: A falta de compreensão por parte de alguns praticantes perpetua práticas equivocadas e distorcidas na Umbhanda.

Deturpações: Elementos negativos provenientes de outras práticas religiosas foram erroneamente incorporados, gerando desvios doutrinários.

Ao explorar essas influências, buscamos compreender não apenas a riqueza espiritual da Umbhanda, mas também os desafios que a religião enfrenta em sua jornada contínua de evolução e esclarecimento. A consciência e o estudo aprofundado dessas influências são essenciais para preservar a autenticidade e a essência da Umbhanda.

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MESTRE KALUANÃ – Sacerdote Umbhandista e Juremeiro

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