A presença marcante dos Espíritos de índios e mestiços brasileiros destaca a relevância dos cultos indígenas na formação e prática da Umbhanda. Esses Espíritos incorporam em sua essência espiritual as hierarquias, espiritualidade, curas, cultos e crenças dos povos originários, exercendo influência significativa na riqueza espiritual da Umbhanda.
A crença disseminada é de que a diversificada liturgia e mística dos índios têm origens em um antigo culto a Deus – "Tupã", reconhecido como o Supremo por todos os povos indígenas. A mística umbhandista dos índios, representada pelos Caboclos, constitui um dos fundamentos essenciais da religião umbhandista.
Exploradores e estudiosos que testemunharam o Brasil colonial descreveram as práticas religiosas tradicionais dos indígenas, que incorporavam procedimentos mágicos para influenciar a vida cotidiana e o mundo físico por meio de plantas e animais.
Rituais fúnebres eram elaborados para apaziguar os mortos e evitar sua interferência na comunidade. O uso de bebidas e fumos especiais tinha o propósito de expandir a consciência, enquanto o mundo místico indígena representava um universo dinâmico onde os Espíritos de humanos, animais e divindades coexistiam harmoniosamente.
A cura, tanto física quanto espiritual, era alcançada por meio de rituais encantatórios e do conhecimento das propriedades medicinais das plantas da flora brasileira.
A Pajelança, uma prática de medicina indígena conduzida pelo sacerdote "Pajé", envolvia o uso de ervas e fumos. No aspecto litúrgico, observa-se uma notável conexão com a Umbhanda praticada nas regiões Norte e Nordeste, onde rituais de cura, como Chupão, Benzeduras e Beberagens, são comuns.
Nessas cerimônias, as entidades espirituais são coletivamente chamadas de "Caruanas" e recebem nomes como Jatuzinho, Ariranha, Índia, Carumbé, Boto Branco, Jacarezinho, Mãe D’água, Yara, entre outros.
A contribuição dos cultos indígenas na Umbhanda ressalta não apenas a diversidade espiritual, mas também a incorporação de práticas ancestrais que enriquecem a religião, moldando sua identidade única e conectando-a às raízes profundas da espiritualidade brasileira.
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MESTRE KALUANÃ – Sacerdote Umbhandista e Juremeiro