A dualidade presente na Umbhanda, representada pelo Deus Pai e pela Grande Mãe, é essencial para a compreensão da manifestação divina na existência. A visão umbandista reconhece a importância dessa dualidade, caracterizada pelos polos positivos e negativos, masculinos e femininos, para a harmonia no plano terreno.
A Umbhanda destaca que Deus Pai é o único Ser Supremo, fecundador e criador. Essa dualidade não implica em dois deuses separados, mas na compreensão de que Deus se manifesta tanto como o princípio fecundador quanto como a Grande Mãe, que representa os mundos e a matéria necessária para a manifestação da vida.
Os princípios herméticos, como o da Polaridade e do Gênero, são incorporados na compreensão umbandista. A dualidade é vista como uma expressão divina na qual opostos se encontram, e todos os planos da existência são permeados por princípios masculinos e femininos.
De acordo com a Umbhanda, Deus Pai, como o único Ser eterno, imutável, magnânimo, onipotente e onisciente, se une à Grande Mãe para manifestar Sua criação nos mundos. A Terra, como a Grande Mãe, é fecundada pelo Grande Pai Celeste, proporcionando o cenário para a manifestação da vida.
Essa dualidade criadora, presente em todas as dimensões, revela-se como a expressão divina que sustenta a vida e permite a evolução das criaturas. A compreensão umbandista destaca que Deus se manifesta nos mundos através das Suas criações, sublinhando a importância da dualidade na manifestação da divindade.
Um Convite ao Culto à Terra
Em meio à reflexão sobre a dualidade divina entre Deus Pai e a Grande Mãe, surge a questão crucial: como fica a Mãe Terra nesse contexto? A tradição nos ensinou a adorar, venerar e louvar a Deus Pai, mas muitas vezes negligenciamos a Grande Mãe, nossa amada Terra
Quando foi a última vez que expressamos gratidão à Terra, prestamos culto a ela ou enviamos emanações de amor? A resposta, muitas vezes, é um silêncio desconcertante.
Diferentemente dos povos indígenas, que mantêm uma conexão profunda e agradecida com a Grande Mãe Terra, nós, em geral, tendemos a ignorar, poluir, destruir e explorar impiedosamente o ambiente que nos dá vida. Essas ações irresponsáveis resultam em tristeza, miséria, desolação, ódio e desprezo, impactando negativamente não apenas a Terra, mas a nós mesmos.
A Umbhanda, como religião da natureza, atua sorrateiramente, com delicadeza e sem pretensões, para nos iniciar no culto à natureza, mas para isso é necessário aceitar as iniciações e o devido preparo de conectividade espiritual; somente assim haverá respeito e a comprovação de amor à Grande Mãe.
Essa abordagem visa restabelecer o equilíbrio, permitindo que a humanidade reconheça a importância da Mãe Terra como um ser vivo. Devemos rever nossa ligação e entender que os fundamentos, as ritualísticas e as iniciações na Umbhanda visam ativar a conexão entre o material e o espiritual.
Diante disso, fazemos um apelo aos irmãos umbandistas para que revejam seus conceitos e se unam no ideal da preservação, do culto e do amor à Grande Mãe. É hora de despertar para a consciência ambiental, reconhecendo que o equilíbrio entre o culto ao Grande Pai e à Grande Mãe é essencial para nos tornarmos uno com a totalidade da criação divina.
O chamado é para que, juntos, possamos agir em prol da preservação do nosso planeta, respeitando e amando a natureza que nos sustenta. E ao mesmo tempo entender que não é na literatura, no teórico e saber, mas sim na experiência de sentir, de vivenciar e se ligar às nossas origens.
Assim, na visão da Umbhanda, a dualidade divina é uma manifestação da perfeição e harmonia presentes na natureza e em todos os seres, refletindo a compreensão única dessa religião em relação ao Divino Pai e Mãe Universal.
Obrigado pela sua tenção e siga na leitura de outras postagens e novos artigos.
MESTRE KALUANÃ – Sacerdote Umbhandista e Juremeiro
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